3 de dez. de 2010

Amanhecendo



Dois corpos sobre a cama:
olhar mudo,
boca aberta para receber o beijo.
Elo que se encontra,
sem se prender.
Vira o corpo do avesso
ela espera outro beijo.
Corta a mudez fechando os olhos
E sente penetrar
na alma a paciência da calma.
Pega a mão,aperta
sente os pêlos arrepiarem.
Não quer explicações
não quer lembrar do fim.
Abraça o corpo junto ao seu
sente a pele quente
o coração bater.
Pensa no fim.
"Mas porque lembrar disso agora?"
Mania de sofrer por antecipação.
Bem-vindo ao ponto de partida
Adeus a cada um.
Um beijo
Acabou o encontro de estar
Volta, só, para casa
com a dor de ser.



Fonte da imagem:http://lacreme1971.blogspot.com/2009_06_01_archive.html


19 de out. de 2010

Grão ou Abismo

O que passou por nós:
Raio?
Luz divina?
A solidão perdida?
O que passou por nós?

E agora o que somos:
Fé?
Grão de vida?
Absurdo do absurdo?
Abismo sem fim?
E
 agora
             o
                que
                     Somos?
Nós...

29 de set. de 2010

Como nasce a dor?


No solitário grito do excluído
As nuvens e os anjos do senhor
Contorceram-se.
O eco subiu entre as pedras
Contornou as chapadas
E sufocou as crianças ainda na sua pureza febril.
É o fim!
Um grito mudo
As plantas murchas
O céu em prantos
Sufocou o corpo febril que acabara de nascer.
É a dor!
Que nasce torta
Com folhas mortas
Sem sombra
O vento ainda insiste e sopra
Mas não há paz no coração frio e casto.
É a dor!
Que cresce na ponta das unhas
E alcança os olhos coléricos
Enrola-se pelos fios do cabelo
Conduzindo aos abismos dos ismos classificantes.
É dor!
Que sufoca as células
O cristo em sangue
A solidão a dois.
Tudo se transferindo de lugar e sonho, tudo é dor.

12 de set. de 2010

Suicídio Solitário de Encontro ao Sol

Às vezes penso em me atirar...
Mas meu coração esfriaria ainda mais
Cubo de gelo se tornaria.
Então me atiro de encontro ao sol
para esquentar a alma fria
e os dias sombrios iluminar.
Porém o sol quente é solitário
tão mais que um dia sombrio.
Porque se existia alguma esperança
virou ilusão.
Insatisfação.



















E isto tudo cresce
de uma forma monstruosa.
Invade a situação e consegue subjugá-la.
Toda dor é tão viva,
que escraviza da pior forma.
Torno-me dependente
de algo maior.
Luto veemente,
mas o que traria libertação
ainda está muito distante.