29 de set. de 2010

Como nasce a dor?


No solitário grito do excluído
As nuvens e os anjos do senhor
Contorceram-se.
O eco subiu entre as pedras
Contornou as chapadas
E sufocou as crianças ainda na sua pureza febril.
É o fim!
Um grito mudo
As plantas murchas
O céu em prantos
Sufocou o corpo febril que acabara de nascer.
É a dor!
Que nasce torta
Com folhas mortas
Sem sombra
O vento ainda insiste e sopra
Mas não há paz no coração frio e casto.
É a dor!
Que cresce na ponta das unhas
E alcança os olhos coléricos
Enrola-se pelos fios do cabelo
Conduzindo aos abismos dos ismos classificantes.
É dor!
Que sufoca as células
O cristo em sangue
A solidão a dois.
Tudo se transferindo de lugar e sonho, tudo é dor.